"O Purgatório" segundo o Pe. M. SOPOCKO,
(Confessor e Director
Espiritual de Santa Faustina) "Virá a noite, na qual já ninguém pode
trabalhar" (Jo 9,4). A - Com essas palavras, Jesus ensina-nos que
só podemos acumular méritos enquanto vivermos neste mundo, e que no
além-túmulo não podemos fazer nada para merecer a vida eterna. Nem toda a
alma que sai deste mundo, com a graça santificante, possui a perfeição
que o Senhor exige: «Sede perfeitos assim como vosso Pai Celeste é
perfeito» (Mt 5, 48). A Maioria morre tendo apenas uma orientação para
Deus, mas ainda imatura para a felicidade eterna. Neste caso, Deus
dá-nos a possibilidade de nos purificarmos.- Desta possibilidade fala Jesus quando fala da prisão da qual «não sairá antes de ter pago o último centavo».(Mt. 5 , 26). A essa mesma possibilidade parece aludir São Paulo ao falar daquele Evangelizador que, sobre o fundamento que é Cristo, constrói "com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha[...] Ele mesmo, entretanto, será salvo, mas como que através do fogo" (l Cor 3, 12-15).
- As inscrições nos túmulos dos primeiros cristãos e os Padres da Igreja testemunham que já os primeiros cristãos tinham o costume de fazer orações, dar esmolas e principalmente celebrar o Santo Sacrifício Eucarístico pelo alívio e descanso eterno dos mortos. Lembravam-se dessa salvação que passava, de alguma maneira, "através do fogo" e apressavam-se em levar ajuda aos seus irmãos. Com esse fundamento, nos concílios de Lyon (1247), Florença (1438-45) e de Trento (1545¬63), a Igreja formulou o dogma ( isto é, uma Verdade de Fé) de que, após a morte, a alma humana pode passar por um estado de purificação, e que as almas submetidas a esse estado podem ser ajudadas pela intercessão dos fiéis. - Trata-se apenas da purificação da alma, do afastamento dos danos que ainda permanecem, e não de uma elevação positiva e do aperfeiçoamento interior. E como com a morte se encerram todos os actos meritórios, a libertação das antigas imperfeições pode ter a feição de um castigo, de sofrimento, e não de reparação. Trata-se de um processo cheio de dor, passando de alguma maneira "através do fogo"
- De que fogo se trata? Estamos, certamente, perante uma linguagem simbólica: é o fogo de uma purificação muito dolorosa. Sabemos que às almas do Purgatório nada causa tanto sofrimento como a consciência de que, por própria culpa, estão privadas, por longo tempo, da felicidade de contemplar a Deus. Trata-se de uma saudade pelo Pai, que fustiga a alma tanto mais dolorosamente quanto mais avança o processo de purificação.
B. -A Igreja padecente, tendo entrado «na noite na qual já ninguém mais pode trabalhar», ou seja, acumular méritos e amadurecer para a felicidade definitiva, espera a ajuda dos membros vivos do Corpo de Cristo, que ainda vivem no mundo e têm a possibilidade de fazer reparação.
- A Igreja militante guarda fielmente as palavras da Sagrada Escritura:
"Coisa santa e salutar é orar pelos mortos" (2 Mac 12, 43). Todos nós temos a agradável e carinhosa obrigação de oferecer pelas almas do Purgatório as nossas orações e indulgências, sofrimentos e méritos, mortificações, trabalhos e, especialmente, o Sacrifício Eucarístico, no qual se torna presente sacramentalmente a infinita reparação do sacrifício de Cristo na cruz. Dessa forma as palavras de S. Paulo de que "os membros tenham o mesmo cuidado uns para com os outros" (1 Cor 12, 25) em nenhuma parte se confirma tanto como nas orações da Igreja pelas almas dos que faleceram... - O menor sofrimento no Purgatório - como dizem os santos - ultrapassa todos os possíveis sofrimentos na terra. Está em nosso poder reduzi-los e ajudar as almas a alcançar a felicidade pela qual anseiam.
Por isso, o amor ao próximo deve ser o estímulo para lhes levar auxílio. Além disso, encontram-se lá os nossos pais, irmãos, amigos, parentes e também cristãos, irmãos de Jesus Cristo, membros de um só Corpo, companheiros na eternidade, a quem temos obrigação de amar como Nosso Senhor nos amou.
Finalmente, o nosso próprio interesse exige que levemos ajuda às almas do Purgatório, pois elas serão nossas protectoras diante de Deus e rezarão por nós incessantemente.
...
Nenhum comentário:
Postar um comentário