Página 64 Versos 125 a 128




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Tudo isso ainda se podia suportar. Mas, quando o Senhor exigiu que eu pintasse aquela Imagem, começaram a falar de mim abertamente e a olhar-me como se fosse uma histérica ou visionária, e tudo começou a se espalhar cada vez mais. Uma das Irmãs veio falar comigo confidencialmente. E começou a manifestar pena de mim. Disse-me: ¨Ouvi dizer que a Irmã é uma visionária, que está tendo visões. Pobre Irmã, procure defender-se disso. ¨Essa alma era sincera e disse-me sinceramente o que tinha ouvido. Mas eu tinha que escutar coisas assim todos os dias. E. quanto isso me afligia, só Deus o sabe.
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Contudo, decidi suportar tudo em silêncio, sem dar explicações às perguntas que me eram feitas. Este meu silêncio irritava profundamente - diziam que, ¨apesar de tudo, a Irmã Faustina deve estar muito perto de Deus, se tem forças para suportar tantos juizos. Buscava o silêncio interior e exterior. Não dizia nada do que se relacionasse com a minha pessoa, embora algumas Irmãs me fizessem perguntas diretamente. Os meus lábios estavam selados. Sofria como uma pomba, sem me queixar. Mas algumas Irmãs pareciam sentir prazer em me incomodar de uma ou outra forma. Ficavam irritadas com a minha paciência; no entanto, Deus me dava interiormente tanta força que eu suportava tudo com tranquilidade.
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Reconheci que nesses momentos não teria ajuda de ninguém e comecei a rezar, pedindo ao Senhor um confessor. Desejava que algum  sacerdote me dissesse esta única palavra: ¨Fique tranquila, você está no caminho certo¨, ou: ¨Afaste tudo isso, porque isso não provém de Deus. ¨Mas não encontrei um sacerdote suficientemente decidido, que me falasse tão claramente em nome do Senhor. Portanto, continuava a incerteza. Ó Jesus, se for Vossa vontade que eu viva em tal incerteza, bendito seja o Vosso nome. Peço-Vos, Senhor, guiai Vós mesmo a minha alma e ficai comigo porque eu por mim mesma não sou nada.
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Eis que estou sendo julgada de todos os lados; já não existe em mim nada que tenha escapado do julgamento das Irmãs, mas pareceu que já tudo se esgotara e começaram a me deixar em paz. A minha alma cansada descansou um pouco e fiquei sabendo que o Senhor estava mais perto de mim durante essas perseguições. A trégua, porém, durou pouco. Uma forte tempestade explodiu novamente. Agora, as antigas suspeitas tornaram-se para elas como que coisa certa; e novamente foi preciso ouvir as mesmas cantilenas. Era o Senhor que assim o desejava. Mas, a coisa estranha, até exteriormente comecei a ter diversos insucessos, trazendo-me inúmeros e vários sofrimentos, por Deus somente conhecidos. Entretanto, esforçava-me como podia para fazer tudo com a mais pura das intenções. Vejo agora que estou sendo vigiada em toda a parte como se fosse uma ladra: Na capela, no trabalho, na minha cela. Então soube que, além da presença de Deus, havia sempre a presença humana ao meu lado. Muitas vezes, essa presença humana me incomodava imensamente. Havia momentos em que ficava refletindo se devia despir-me para tomar banho ou não. Mesmo a minha pobre cama chegou a ser revistada. Às vezes, até me dava vontade de rir, quando descobria que não deixam em paz nem mesmo a minha cama. Uma das Irmãs me revelou que todas as noites ficava espiando para mim na cela, para ver como me comportava.
Entretanto,as Superioras sempre são superioras e, embora me humilhassem pessoalmente e muitas vezes enchessem de várias dúvidas, sempre me permitiam o que exigia o Senhor, embora não da forma como eu pedia, satisfaziam as exigências do Senhor de maneira diferente e permitiam-me essas penitências e rigores.

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