Pagína 86 Versos 185 a 190

185
O meu silêncio para Jesus. Procurava guardar um grande recolhimento por Jesus. E, mesmo no meio da maior algazarra, Jesus tinha sempre o silêncio reservado no meu coração, embora muitas vezes isso me custasse muito. Mas por Jesus o que é que poderá ser demasiado, por Aquele, a Quem amo com todas as forças da minha alma?
186
Disse-me, hoje, Jesus: Desejo que conheças mais a fundo o Meu amor, de que está inflamado o Meu Coração pelas almas e compreenderás isso quando refletires sobre a Minha Paixão. Invoca a Minha misericórdia para com os pecadores, pois desejo a salvação deles. Quando de coração contrito e confiante rezares essa oração por algum pecador, Eu lhe darei a graça da conversão. Esta pequena prece é a seguinte: 
187
- Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em Vós!
188
Nos últimos dias do Carnaval, quando fazia a Hora Santa, vi Nosso Senhor no momento da flagelação. Óh! que suplício inconcebível! Como Jesus sofreu terrivelmente quando foi flagelado ! Ó pobres pecadores, como será o vosso encontro no dia do Juízo com esse Jesus a quem agora assim tão cruelmente martirizais? O seu Sangue corria pelo chão e, em alguns lugares, o corpo começou a descarnar-se . E vi nas costas alguns dos Seus ossos despidos de carne... Jesus silencioso, gemia e suspirava.
189
Em determinado momento, Jesus deu-me a conhecer como Lhe é agradável a alma que cumpre fielmente a Regra. Ela receberá maior recompensa pela observância da Regra do que pelas penitências e grandes mortificações. Se estas últimas são empreendidas fora da regra, embora também recebam sua recompensa, não superarão aquelas que vêm da Regra.
190
Durante uma adoração, Jesus exigiu de mim que eu me oferecesse a Ele em oblação para um certo sofrimento, que devia servir de reparação na causa de Deus, não somente dos pecados do mundo em geral, mas, em particular, pelas faltas cometidas nesta Casa. Imediatamente disse que sim, que estava pronta. Jesus deu-me então a conhecer o que que eu teria de sofrer, passando diante dos olhos da minha alma, um por um, todos esses padecimentos. Primeiro eram as minhas intenções que não seriam reconhecidas, depois de diversas suspeitas e desconfianças, todo o tipo de humilhações e contrariedades. Não estou mencionando tudo aqui. Tudo apresentou-se aos olhos da minha como uma tempestade escura da qual logo deviam cair raios, esperando apenas o meu consentimento. Por um momento, apavorou-se a minha natureza. Mas, logo tocou a sineta para o almoço. Saí da capela tremendo e indecisa. Mas esse sacrifício permanecia continuamente diante de mim, já que nem tinha decidido aceitá-lo, nem o negara ao Senhor. Queria sujeitar-me à Sua vontade. Se o próprio Jesus me impusesse esse sacrifício, estaria de imediato pronta. Mas Jesus deu-me a conhecer que eu mesma  devia dar o meu consentimento voluntário e aceitá-lo com plena consciência, pois de outra forma não teria nenhum valor. Todo o seu poder consistia no meu ato espontâneo diante d`Ele e ao mesmo tempo o Senhor deu-me a conhecer que isso estava ao meu alcance. Podia fazê-lo, mas também (podia) não o fazer. E imediatamente respondi: ¨Jesus, aceito tudo que quiserdes me enviar, confio na Vossa bondade. ¨ Imediatamente percebi que por esse ato tinha prestado grande glória a Deus. Contudo, armei-me de paciência. Quando saí da capela, logo enfrentei a realidade. Não quero descrever o sofrimento em detalhes, mas havia tanto quanto eu podia carregar, não suportaria nem uma gota a mais.


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